Por trás dos orgânicos
Título: Brasil Orgânico
Gênero: Documentário
Produção: Maurício Venturi
Realização: Contraponto
Direção: Kátia Klock e Lícia Brancher
Duração: 58 minutos
Onde encontrar: o DVD está à venda em livrarias e por encomenda, pelo e-mail: producao@contraponto.tv ou telefone (48) 3334-9805
por ELAINE DE AZEVEDO*
Provavelmente, você já ouviu falar que os alimentos orgânicos não têm venenos e que são mais saborosos; e que a agricultura orgânica protege o meio ambiente. Mas quem produz esses alimentos?
O documentário Brasil Orgânico busca dar essa resposta, revelando o universo humano da agricultura sustentável. Por meio das falas dos agricultores, que abrem as suas casas e expõem as suas vidas, o filme adentra no movimento orgânico brasileiro. Além desses protagonistas, também são entrevistados especialistas na área, como Ana Primavesi e Ondalva Serrano, sob a consultoria do agrônomo João Augusto de Oliveira.
O roteiro explora os cinco biomas brasileiros (Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa, Caatinga e Cerrado), que expressam a nossa diversidade de vegetação, clima e cultura. São paisagens muito diferentes daquelas onde estão as propriedades de monocultura, movidas por máquinas solitárias e interesses transnacionais.
Em cada um dos biomas há propriedades rurais de tamanhos e estruturas diferentes – da agricultura familiar associativa a uma grande propriedade empresarial –, desconstruindo os mitos de que o orgânico só é possível em escala reduzida, que a produtividade é menor e que não dá lucro.
O que os agricultores têm em comum, além de produzir alimentos orgânicos, é seu idealismo contagiante. São pessoas preocupadas com a saúde, a qualidade da água e também com a floresta, que fazem desse cuidado o cerne de sua atividade.
Dessa forma, o Brasil Orgânico não apenas estimula a reflexão sobre o que comemos, em contraposição ao angustiante cenário dos agrotóxicos, como também mostra o lado otimista do tema. Ele nos reaproxima do meio rural e revela quem nós apoiamos ao comprar alimentos orgânicos. Saímos do filme com a sensação de que é possível promover uma mudança.
*Professora de Sociologia Ambiental e Sociologia da Alimentação e Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo