Uma imprescindível fonte de consulta
Título: Coquetel — A incrível história dos antirretrovirais e do tratamento da aids no Brasil
Autor: Mário Scheffer
Editora: Hucitec e Sobravime
Ano: 2012
Páginas: 224
Preço: R$ 40
Onde encontrar: editora Hucitec — E-mail: lerereler@hucitec.com.br
VERIANO TETO JR.*
Fruto de uma minuciosa pesquisa, que inclui o resgate do contexto social e político dos anos 90, e com abordagem interdisciplinar, o livro Coquetel – a incrível história dos antirretrovirais e do tratamento da aids no Brasil, de Mário Scheffer, analisa os atores da luta pelo acesso às drogas que combatem os retrovírus (grupo de vírus do qual o HIV faz parte) no Brasil: o mercado farmacêutico, a área jurídica, a sociedade civil (incluindo as pessoas que vivem com HIV e aids – PVHA), o establishment científico, os gestores em saúde e os técnicos em propriedade industrial/intelectual. O autor demonstra o quanto a articulação – ainda que com conflitos e tensões – foi, e continua sendo, fundamental para garantir o acesso a esse tipo de medicamento em nosso país. Mário Scheffer registrou a pressão da sociedade civil brasileira e o protagonismo das PVHA, que levaram à concretização da relação entre a saúde pública e os direitos humanos, mudando completamente as políticas e ações para o controle da aids.
A resposta brasileira a essa epidemia é apontada pela comunidade científica internacional como um exemplo bem sucedido e uma referência a ser observada e seguida por outros países. Grande parte do sucesso certamente se deve ao programa que garante o acesso universal aos medicamentos antirretrovirais implementado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 1996, que permitiu que a taxa de mortalidade caísse, a disseminação do vírus avançasse mais lentamente e a relação entre aids e morte fosse menos frequente. Além disso, o programa promoveu a qualidade de vida de milhares de cidadãos soropositivos e também de suas famílias.
O livro foi lançado numa época em que os antirretrovirais começam a demonstrar resultados, cientificamente comprovados, na redução da transmissão do vírus HIV, o que aviva a discussão sobre a necessidade do acesso a esses remédios. É necessário que toda a sociedade se mobilize e participe dos debates sobre o tratamento com antirretrovirais como forma de prevenção, pois nessas discussões vemos os mesmos discursos resistentes feitos na década de 1990, destacando os obstáculos às inovações na área da saúde.
Esse importante e completo documento é uma fonte de inspiração e de consulta imprescindível para todos aqueles que lutam por uma saúde pública mais solidária e pelo desenvolvimento humano pleno e integral.
*Psicólogo, mestre em Psicologia e doutor em Saúde Coletiva. Trabalhou na Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia) de 1989 a 2012, como coordenador de projetos e coordenador geral. É autor de diversas publicações sobre aids e homossexualidade, acesso a medicamentos, entre outros.