Um caminho responsável para o consumo
Título: Organização de grupos de consumo responsável
Autoras: Renata de Salles S. Pistelli e Thais Silva Mascarenhas
Execução: Instituto Kairós – Ética e Atuação Responsável
Ano: 2011
Páginas 32
Onde encontrar: http://goo.gl/SK1uO
por VANESSA SCHOTT*
Estimular a reflexão crítica sobre os impactos sociais, ambientais, econômicos e culturais dos atuais padrões insustentáveis de produção e consumo e sensibilizar a sociedade para o papel estratégico que o consumo responsável pode assumir na construção de um sistema mais justo, solidário e sustentável são os principais objetivos da cartilha Organização de grupos de consumo responsável. Elaborada pelo Instituto Kairós – Ética e Atuação Responsável, organização não governamental de São Paulo, a obra integra a série Caminhos para as práticas de consumo responsável.
O atual sistema alimentar brasileiro caracteriza-se por produção de monoculturas, uso intensivo de fertilizantes, transgênicos e agrotóxicos (já somos os maiores usuários do mundo), distanciamento entre produtores e consumidores, concentração do abastecimento nas mãos das grandes redes de supermercados e publicidade abusiva que visa estimular o consumo de alimentos ultraprocessados ricos em gorduras, açúcares, sódio e conservantes. Construir uma consciência crítica a respeito do que e como estamos consumindo é o primeiro passo.
Com linguagem de fácil compreensão, a cartilha convida os cidadãos brasileiros a assumir um papel mais ativo, por meio da adoção de práticas mais sustentáveis e solidárias de consumo, como, por exemplo, participar de alguma das muitas iniciativas de Grupos de Consumo Responsável espalhadas por todo o Brasil (foram identificadas 22 até 2011) e articuladas aos movimentos de economia solidária, agroecologia e segurança alimentar e nutricional. A publicação divulga algumas dessas iniciativas e discute as questões centrais que devem orientar o processo de organização de grupos de consumo: quais os principais elementos que motivam o grupo? Que tipo de produtos serão consumidos e como se dará a relação com os produtores? Como será a dinâmica e a logística de funcionamento e gestão? Que compromissos serão assumidos por cada membro do grupo? Quais as estratégicas para viabilizar a troca de experiências e saberes?
A organização de grupos de consumidores pode contribuir muito para que reconectemos os elos entre produção, abastecimento e consumo, na medida em que aproxima quem produz de quem consome, viabiliza o acesso dos consumidores a produtos agroecológicos e da economia solidária e fortalece a estruturação e a dinamização de circuitos locais. No entanto, o pleno exercício do direito de escolhermos o que e como queremos consumir requer também a adoção de políticas públicas que garantam a transição para um modelo de produção, abastecimento e consumo baseado nos princípios da sustentabilidade, soberania alimentar, justiça e solidariedade.
*Nutricionista, secretária executiva do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) e consultora da Fase – Solidariedade e Educação