Bancários pressionados, consumidores afetados
Presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
O número de reclamações referentes ao sistema financeiro cresce a cada mês. Em 2011, os bancos encerraram o ano no topo do ranking de atendimentos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Foi a primeira vez, desde que a lista começou a ser divulgada, há doze anos, que o setor ficou à frente do de planos de saúde.
Das 20 empresas que mais receberam queixas nos Procons de 24 estados brasileiros, nove são instituições bancárias, de acordo com o Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). Entre as principais reclamações destacam-se débitos não autorizados e cobrança de serviços bancários não contratados.
Um dos motivos para tantos problemas no setor é a pressão que o trabalhador sofre para "vender" os serviços financeiros, sem avaliar adequadamente o perfil do consumidor. Segundo a pesquisa realizada pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, 72% dos caixas e 63% dos gerentes declararam sofrer pressão abusiva para superar as metas. A pesquisa mostrou também que apesar de a maioria dos bancários ser jovem (65% têm até 35 anos), 84% sofrem problemas de saúde com frequência acima da normal. E o problema principal é o estresse, apontado por 65% dos entrevistados. Mais da metade (52%) disse ter dificuldade para relaxar e sempre sentir preocupação com o trabalho. Cansaço e fadiga constantes foram citados por 47%, e 40% afirmaram sentir dor ou formigamento nos ombros, nos braços e nas mãos.
PESQUISA REVELA QUE 72% DOS CAIXAS E 63% DOS GERENTES DE BANCOS SOFREM PRESSÃO ABUSIVA PARA SUPERAR AS METAS
Para reverter essa situação, temos lutado em parceria com várias entidades. Uma delas é a UNI Finanças, que representa 3 milhões de pessoas e empresas de seguros em todo o mundo. Aqui no Brasil, os trabalhadores do setor financeiro apresentaram à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) uma carta com princípios para a venda responsável de produtos financeiros e um pedido de que estes fossem cumpridos pelo setor. Infelizmente, a Febraban se recusou a adotar os princípios, alegando que as vendas já são responsáveis. Mas não é isso o que as reclamações dos consumidores nos Procons e no Banco Central têm demonstrado.
Entendemos que a melhor forma de proteção ao consumidor é o conhecimento. Por isso, fizemos uma parceria com o Idec e criamos uma cartilha sobre a venda responsável de produtos e serviços financeiros, com o objetivo de orientar os consumidores a respeito das tarifas cobradas pelos bancos e das características dos principais produtos oferecidos por eles. A publicação foi lançada em 15 de março, Dia do Consumidor. Temos certeza de que somente com união poderemos diminuir o desrespeito ao consumidor brasileiro.