Reflexão sobre a duração dos produtos
País/ano: Espanha/2010
Direção: Cosima Dannoritzer
Duração: 52 min
Onde encontrar: http://goo.gl/oTP86. Veja também a página do filme no facebook http://goo.gl/09aDJ
O documentário espanhol Comprar, tirar, comprar (título original) conta a história do ciclo de vida dos produtos, desde o começo do século XX até hoje, quando a durabilidade dos bens industrializados é questionável. Durante quase uma hora, a diretora alemã Cosima Dannoritzer – que esteve recentemente no Brasil para divulgar o filme – explora como esse movimento foi supostamente planejado por diversas indústrias e o sugere como origem de nossa cultura consumista.
A ideia de desenhar um produto que funcione por tempo predeterminado foi intensamente discutida depois da crise de 1929. Consumir algo novo antes do necessário aumentaria as vendas, a produção e, consequentemente, reaqueceria a economia. Ainda que a obsolescência programada (nome dado à vida curta de um bem ou produto projetado de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período reduzido) nunca tenha se tornado oficial, o documentário apresenta evidências de um provável acordo industrial para a fabricação de lâmpadas propositalmente menos duráveis nos anos 20 (as indústrias que fabricavam lâmpadas que duravam mais de mil horas eram multadas). O principal argumento do documentário é o de que essa conspiração perdura até hoje. Correias de motores de geladeiras que precisavam ser trocadas constantemente nos anos 50 e as atuais impressoras que deixam de funcionar após pouco tempo de uso são alguns dos exemplos explorados pela diretora.
Dannoritzer argumenta também por que o aumento do investimento em designs sedutores por diversas indústrias não se traduz em maior durabilidade dos produtos. O filme nos leva a pensar se não há, de fato, conspirações corporativas para que os bens sejam programados para durar menos do que deveriam.
Mais do que propor soluções, o documentário levanta algumas questões: “A tríade menor durabilidade dos bens, publicidade e crédito, alicerces da economia de crescimento, é o único caminho para evitar crises econômicas?”; “Será que não há outras alternativas viáveis ou elas simplesmente não convêm?”; “É ético não informar o consumidor de que o produto tem prazo definido para parar de funcionar?”; “Como a sustentabilidade ambiental é tratada dentro desse contexto produtivo?”. Vale a pena assistir ao vídeo e refletir sobre tais perguntas, assim como sobre seus hábitos de consumo.