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Inca se manifesta contra uso de agrotóxicos no Brasil e apoia modelo agroecológico como alternativa de sistema produtivo que promova a saúde da população. Contaminação vai além de frutas, verduras e legumes e está presente também em alimentos industrializados</div>
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16/04/2015
Atualizado:
20/04/2015
O Inca - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, órgão do governo ligado ao Ministério da Saúde que atua na prevenção e controle do câncer, divulgou no dia 08/04 uma nota posicionando-se acerca do uso de agrotóxicos no país.
Com intuito de fomentar ações na prevenção e controle do câncer, fortalecer iniciativas de regulação e controle de agrotóxicos e incentivar alternativas agroecológicas, como solução ao modelo agrícola dominante, o documento declara que o Instituto é contrário às atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e reafirma seus riscos à saúde, em especial em relação à incidência de câncer. O texto cita como agravantes o uso excessivo destas substâncias - que desde 2009 colocam o Brasil como maior consumidor desses produtos no mundo - bem como a legalização nacional de substancias em processo de banimento ou já banidas em outros países. O documento também relaciona a liberação dos transgênicos no país com o atual quadro, como segue: “É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos”.
Além do conhecido risco do uso destes químicos para trabalhadores do campo, o posicionamento também cita a exposição da população aos agrotóxicos através de alimentos e também no ambiente, como causa de intoxicações crônicas que tendem a se manifestar após certo tempo de exposição, dificultando a correlação com o agente. Segundo o Inca, infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer são algumas das consequências desse tipo de contato com os agrotóxicos.
“Considerando os grandes interesses econômicos envolvidos no problema, como a isenção de impostos para indústria de agrotóxicos no Brasil e a liberação de substâncias proibidas, o Idec considera fundamental o posicionamento do Inca em defesa da agroecologia, que vai ao encontro de nossa atuação e opinião sobre o tema”, ressalta Renata Amaral, pesquisadora em Consumo Sustentável do Idec.
A relação entre o consumo de agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer e outras doenças já é reconhecida com base em estudos validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há certo tempo. Apesar disso, o uso abusivo de agrotóxicos ainda é muito comum, sendo que, segundo dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 30% das amostras de alimentos hoje no Brasil apresentam agrotóxicos acima do limite máximo permitido. Finalmente, o documento expõe que a contaminação por agrotóxicos não se restringe a frutas, legumes e verduras, como comumente entendido, mas acaba presente também em alimentos como carne, leite ou alimentos industrializados, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas e pizzas.