Documento mostra que comercialização de venenos aumentou de forma desproporcional à área plantada, o que sugere intensificação do uso e, consequentemente, risco maior de contaminação
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Alimentação [1]
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26/09/2016
Atualizado:
26/09/2016
O Ministério da Saúde lançou este mês um relatório [2] que confirma o uso ostensivo de agrotóxicos no Brasil e aponta um aumento desproporcional da comercialização em comparação com a área plantada. Entre 2007 e 2013, as vendas aumentaram 90,5% no país, enquanto a área plantada aumentou apenas 19,5%.
O dado sugere que houve uma intensificação na aplicação de agrotóxicos na produção e, com isso, um risco maior de exposição da população a partir do trabalho no campo e da contaminação do meio ambiente, da água e dos alimentos.
O relatório apresenta dados sobre a evolução dos casos de intoxicação por agrotóxicos no país e aponta que, no período de 2007 a 2014, São Paulo foi o estado com o maior número de casos notificados (12.562), seguido por Paraná (10.967 casos), Minas Gerais (10.625 casos) e Pernambuco (5.734 casos). O Ministério da Saúde admite, porém, que há subnotificação expressiva das intoxicações por agrotóxicos, contribuindo para invisibilidade da magnitude do problema no país.
O relatório também aponta que o glifosato é o agrotóxico mais utilizado no país. No ano passado, esse princípio ativo foi classificado como provavelmente cancerígeno [3] para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde.
A nutricionista e pesquisadora do Idec Mariana Garcia aponta que é fundamental avançar no monitoramento do uso de agrotóxicos e na transparência dos resultados para os consumidores, já que, infelizmente, a maioria dos brasileiros consome-os diariamente.
“O relatório do Ministério da Saúde dá um passo nessa direção. Entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer, principalmente em relação ao monitoramento de resíduos de agrotóxicos nos alimentos e na água e os impactos para a saúde dos consumidores.”, afirma.
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