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Pesquisa do Idec aponta que alguns os ovos de páscoa estão 20% mais caros do que no ano passado

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Atualizado: 

26/08/2011

Os brindes com personagens licenciados continuam sendo utilizados apesar do acordo de autorregulamentação publicitária, o que torna os ovos até 42% mais caros na comparação com similares, sem o brinquedo

 

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), para melhor orientar o consumidor na compra dos ovos de Páscoa, fez uma pesquisa em que avaliou seus preços, brindes e apelos infantis, bem como suas qualidades nutricionais.

 

A primeira conclusão é que alguns os ovos estão em média 20% mais caros do que no ano passado, tomando como base os levantamentos do Idec na Páscoa do ano passado*. Por isso, o Idec orienta que é necessário pesquisa e atenção às promoções, que costumam acontecer no domingo que antecede a Páscoa.

 

Além disso, a pesquisa constatou que há grande diferença de preços de ovos da mesma marca, com e sem brindes, e também a falta de relação dos números dos ovos com seus os pesos que eles representam.

 

Por exemplo, o valor do ovo Fadas nº 15 (180 g) da Nestlé é, proporcionalmente, 42% mais caro que o do Classic nº 15 (240 g), da mesma marca. Enquanto o primeiro custa, em média, R$ 23,56, o segundo tem mais chocolate e é mais barato: em média, R$ 22,02. No caso dos ovos Lacta Barbie nº 15 (170 g – R$ 22,79) e Lacta ao leite nº 15 (196 g – R$ 19,10), a variação de preço é, proporcionalmente, de 37,50%.

 

Para a conferência de que o custo dos ovos não equivale somente ao chocolate propriamente, o Idec comparou o preço de um ovo com brinde e uma barra de chocolate e verificou que o primeiro chega a ser quase quatro vezes superior. “Isso demonstra que o apelo da Páscoa em torno dos ovos é grande e custa bastante ao bolso do consumidor. Mas pra quem está interessado apenas nos chocolate, as barras são uma boa opção”, pondera Karina Alfano, gerente de relacionamento do Idec.

 

Um detalhe interessante percebido na avaliação dos rótulos (especificada abaixo) é que muitas vezes, um mesmo fabricante produz ovos de diferentes marcas e preços. Este é o caso da marca Nestlé: os ovos Times e Fadas foram produzidos pela Panificadora Cepan Ltda., a mesma dos ovos da marca Village, mais baratos. "Essa pode ser mais uma dica para gastar menos, já que as marcas mais caras muitas vezes têm o mesmo fabricante de marcas mais baratas", conclui Alfano.

 

 

O brinde e o apelo infantil

 

Outro aspecto da pesquisa, foco de atenção da atuação do Idec, constatou que todos os fabricantes dos ovos pesquisados usam personagens licenciados por marcas nacionais e internacionais, o que contraria compromissos de autorregulação publicitária divulgados pelas empresas fabricantes dos ovos, que vetavam o uso desses artifícios de marketing.

 

Quatro das seis companhias pesquisadas (exceto Arcor e Village) assinaram acordos nacionais e internacionais com a promessa de não fazer propaganda dirigida a crianças. No entanto, esses acordos têm mostrado pouca efetividade. As empresas Ferrero, Kraft e Nestlé aderiram a propostas de autorregulamentação publicitária nos Estados Unidos (Children's Food and Beverage Advertising Initiative) em 2006, na União Europeia (The European Union Pledge) em 2007, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2008 (só a Kraft e a Nestlé), e no Brasil em 2009.

 

“A empresa se diz responsável e agrega valor à sua imagem ao assumir tais compromissos, mas não muda em nada suas práticas. Essas evidências só reforçam que os acordos de autorregulamentação são insuficientes e que é necessário que o poder público atue de forma abrangente para proteger as crianças”, defende a advogada do Idec Mariana Ferraz.

 

 

As informações dos rótulos

 

A análise das informações nutricionais dos ovos de Páscoa pesquisados demonstra que todos contêm quantidades significativas de gorduras saturadas. Destacam-se como os mais “gordurosos” os ovos Kinder Maxisurpresa e o Tortuguita, que vem com gravador de brinde, que têm 24 g e 20 g da substância a cada 100 g de chocolate, respectivamente.

 

A avaliação da quantidade de açúcares foi prejudicada, pois como a legislação só obriga a informação relativa a carboidratos, apenas algumas empresas dispõem o dado no rótulo. “Mas, pelas características dos ingredientes utilizados na elaboração do chocolate, sabe-se que todos os produtos apresentam quantidades de açúcar elevadas”, pondera Silvia Vignola, pesquisadora do Idec.

 

Embora atendam à norma estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as informações nutricionais apresentadas nos rótulos dos produtos são confusas. Os dados são baseados em frações do produto difíceis de serem avaliadas, como, por exemplo, “1/7 do ovo”.

 

 

Como foi feita a pesquisa

 

Foram avaliados 12 ovos de Páscoa das marcas Arcor, Ferrero, Garoto, Kraft, Nestlé e Village nºs 12, 14 e 15 do tipo mais simples (chocolate ao leite). Apenas dois ovos são de chocolate crocante.

 

O levantamento de preços foi feito no período de 18 a 22 de março nas lojas Americanas.com, Pão de Açúcar Delivery e Supermercado Sonda, em São Paulo.

 

 

Tabelas de preços

 

*É o caso do Arcor Times nº 15 (230 g), cujo preço era R$ 17,61 no ano passado e atualmente custa R$ 22,54, em média – uma elevação de 21,76%. O ovo Village Socooby-doo (sem numeração, de 170 g) subiu, em média, de R$ 11,62 para R$ 14,71. Ou seja, está 21% mais caro.