Bloco Associe-se

Associe-se ao Idec

Mais da metade dos equipamentos eletrônicos é substituída devido à obsolescência programada

Separador

Atualizado: 

04/02/2014
 
Pesquisa do Idec com a Market Analysis demonstra que 81% dos brasileiros trocam de celular sem antes recorrer à assistência técnica e em menos de 3 anos de uso
 
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a Market Analysis - instituto especializado em pesquisas de opinião – divulgam pesquisa inédita sobre as percepções e os hábitos dos consumidores brasileiros, com relação ao uso e descarte de aparelhos eletrônicos: eletrodomésticos (forno de micro-ondas, fogão, geladeira ou freezer e lavadora de roupas), eletrônicos (televisão, DVD e blu-ray), aparelhos digitais (câmera fotográfica, computador e impressora) e celulares. 
 
O estudo apontou que de todos eles, o celular é o aparelho que tem menor duração e possui um ciclo de vida de, em média, menos de 3 anos e dificilmente ultrapassa cinco anos.
 
Tempo de uso de cada equipamento, de acordo com os entrevistados:
 

 

 

Menos de 3 anos

 

Mais de 10 anos

Celulares e Smartphones

54%

Lavadora de roupa

33%

Câmera

32%

Fogão

41%

Impressora

27%

Geladeira

49%

Computador

29%

Televisão

34%

Micro-ondas

20%

 

 

DVD ou Blue Ray

30%

 

 

 
O que motiva a troca dos aparelhos, em grande parte, é a obsolescência programada. Um em cada três celulares e eletroeletrônicos são substituídos por falta de funcionamento e três em cada dez eletrodomésticos são substituídos por apresentarem defeitos, mesmo estando em funcionamento.
 
As mulheres tendem a trocar mais os equipamentos por motivo de funcionamento (60% versus 53% na população geral) enquanto os homens tendem a trocá-los com o objetivo de ter um equipamento mais atual (55% versus 47% na população geral). 
 
Essa polaridade também é observada em diferentes níveis sociais: enquanto a população de classe mais baixa tende a substituir mais facilmente o equipamento por problemas de funcionamento (66% versus 53%), a população de classe alta o substitui por questões de atualização tecnológica (59% versus 46%).
 
“Podemos observar também a obsolescência psicológica, quando os consumidores trocam de produtos mesmo que ainda não apresentem defeitos, estimulados pela rápida substituição dos modelos do mercado”, analisa João Paulo Amaral, pesquisador do Idec responsável pela pesquisa.
 
 
Assistência técnica
 
Outro dado que chama atenção é que 81% dos entrevistados trocam de celular sem antes levá-lo à assistência técnica para saber se é possível consertá-lo.
 
Quando os aparelhos com problemas são eletrodomésticos (forno de micro-ondas, fogão, geladeira ou freezer e lavadora de roupas), digitais (câmera fotográfica, computador e impressora) e eletrônicos (televisão, DVD e blu-ray), os consumidores tendem a procurar mais a assistência: 77%, 73% e 56%, respectivamente. 
 
Para Michele Afonso, gerente de análise da Market Analysis, a ausência de assistências técnicas de determinadas marcas em algumas cidades e a ineficiência das existentes podem justificar a baixa procura pelo serviço. Em 2012, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça, fez um levantamento para verificar a quantidade de assistências técnicas dos cinco maiores fabricantes de celular em todo o país. O resultado, divulgado na edição nº 162 da Revista do Idec, comprova a hipótese levantada por Michele: na maioria dos estados brasileiros, o número de assistências técnicas é ínfimo; em 13, pelo menos uma das principais marcas não possuía nenhum posto. Os piores casos são os das regiões Norte e Nordeste.  
 
Dentre os consumidores que buscam a assistência técnica, a maioria acaba comprando outro aparelho, mesmo que opte for fazer o conserto. Já os que desistem de reparar o produto, dão como principal motivo o preço. “É comum, porém absurdo, considerar que o preço do conserto não vale a pena se comparado ao valor de um aparelho novo e mais moderno”, diz Amaral. A demora para devolver o produto, a falta de peças e de garantia após o conserto também justificam a não contratação do serviço. 
 
Descarte do lixo e a logística reversa
 
A maioria dos entrevistados doam, vendem ou guardam os aparelhos eletrônicos em casa. 
Segundo Amaral, isso demonstra que o consumidor brasileiro tem consciência de que estes produtos podem ser reaproveitados por terceiros ou mesmo do risco de jogar no lixo comum, mas ao mesmo tempo mostra que estamos longe de ter uma informação e estrutura adequada pelos fabricantes e pelo governo para conseguirmos descartar corretamente estes produtos.
 
Ainda de acordo com o levantamento, apenas um a cada seis consumidores descarta os aparelhos. Destes, a maioria os coloca no lixo reciclável, no lixo comum ou o devolvem à loja em que efetuaram a compra. Somente a minoria os descarta em pontos de coletas específicos para produtos eletrônicos. 
 
Apenas 1% dos descartes dos celulares são feitos em pontos de coleta específicos, assim como os aparelhos digitais, 2% dos eletroeletrônicos e 5% dos eletrodomésticos. 
 
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, os fabricantes de algumas categorias de produtos, entre eles os de aparelhos eletroeletrônicos, devem ser responsáveis pelo recolhimento, pela reciclagem e pela destinação adequada de seus produtos, o que caracteriza o processo de logística reversa. 
 
Apesar de a PNRS já ter sido aprovada há mais de três anos, a tal logística reversa ainda não existe hoje e nada indica que será implementada num futuro muito próximo, já que o acordo do setor de eletroeletrônicos para colocar a medida em prática ainda não foi finalizado. 
 
Destino dos aparelhos antigos 
 
 
Doou ou vendeu Deixou guardado Descartou Foi perdido ou roubado NS/NR
Eletrodomésticos 74% 5% 15% - 6%
Digitais 63% 21% 15% - 1%
Eletroeletrônicos 45% 31% 21% - 3%
Celular 30% 41% 13% 14% 3%

 

Como foi feita a pesquisa 

Foram entrevistados, por telefone, 806 homens e mulheres, de 18 a 69 anos, de diferentes classes sociais das seguintes cidades: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Os depoimentos foram colhidos entre agosto e outubro de 2013, e o número de entrevistas foi proporcional à população de cada capital. A margem de erro é de 3,5% para mais ou para menos. 
 
Saiba Mais
- Matéria “Aparelhos descartáveis?”, com a primeira parte desta pesquisa. Acesse: goo.gl/bGmG5Z
- Matéria “Fácil de comprar, difícil de consertar”, sobre o levantamento do DPDC de assistências técnicas de celulares: goo.gl/Xl0fjE
- Entenda o que é obsolescência programada: goo.gl/jYyBPe 
 
O Idec é uma associação de consumidores que não possui fins lucrativos. Promove, desde 1987, a educação, a conscientização e a defesa dos direitos do consumidor, por relações de consumo mais justas. Sem vínculos com governos, partidos políticos ou empresas, mantém sua independência pela contribuição de pessoas físicas. Membro da Consumers International e integrante do Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor e da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais.
 
A Market Analysis, fundada em 1997, se tornou uma das líderes no mercado de pesquisa de mercado e de opinião pública no Brasil, contando com clientes nacionais e internacionais. No início de 2012, nos aproximamos da marca de 1.000 projetos no Brasil e demais países latino-americanos.
 
 
Contatos:
 
Idec
Arlete Rodrigues
Lidiane Suman
Assessoria de Imprensa
 
Market Analysis
Michele Afonso
Gerente de Análise
48 3364-0000